The Saboteur - Análise No que toca a jogos da Segunda Guerra Mundial pode usar-se a máxima, “eis
mais do mesmo”. Se olharmos para trás, o tema já foi explorado vezes
sem conta, em dezenas de série, onde podemos destacar
Call of Duty,
Medal of Honor e até
Brothers in Arms.
The Saboteur,
por outro lado, volta à Segunda Guerra Mundial, mas quer fazer tudo por
uma perspectiva diferente. Ter uma personagem principal carismática
apanhada pelas teias da guerra e a perder quase tudo o que tinha na
vida, frente ao avanço da Alemanha
Nazi.
Vocês são
Sean Devlin,
um irlandês de gema, antigo mecânico, agora condutor de carros de
competição. Sean vai até França com o seu professor de condução e o seu
amigo de longa data,
Jules, para participar numa grande competição automóvel. O que Devlin não esperava é que
Kurt Dierker, um piloto alemão que ganha a corrida de
forma
ilegal, fosse na realidade um oficial Nazi. Sem saber o perigo que
correm, Sean e Jules infiltram-se na base alemã com a missão de
destruir o carro do adversário, mas acabam por ser capturados e detidos
como espiões ingleses. Jules é assassinado em frente de Sean, e este
jura vingança contra Dierker.
É depois deste incidente que Sean
conhece Luc, no cabaret da família de Jules. Luc é um obcecado pela paz
e pela liberdade, e então tenta aproveitar-se do ódio de Sean para com
o exército Nazi para o convencer a lutar contra a invasão e libertar o
povo de Paris, enquanto procura vingança. Toda esta história consegue
fazer de
The Saboteurum jogo envolvente, e à medida que avança é fácil começarmos a ganhar
simpatia por Sean e a identificarmo-nos com a causa da resistência.
Isto é, sem dúvida, uma forma diferente de abordar o tema já gasto da
Segunda Guerra Mundial.
Em termos de jogo, podem esquecer a visão na primeira pessoa. Este jogo da
Segunda Guerra joga-se na terceira pessoa, ao género dos jogos de
aventura, e se podemos usar referências actuais,
The Saboteur pode ser visto como uma mistura entre as plataformas de
Assassin's Creed 2, a acção de
Uncharted 2: Among Thievese a exploração em mundo aberto de um GTA 4. Existem vários edifícios
para escalar, Nazis para cravar de balas, e existe uma grande extensão
de Paris dos anos 40 para explorar, tanto a pé, como de carro. No que
toca a trepar paredes,
The Saboteurfalha muito pouco. Algumas detecções de colisão são algo bizarras, mas
comporta-se bem no geral. Os tiroteios estão dentro dos pontos altos do
jogo e são bastante simples; Sean consegue até encostar-se a uma
cobertura de forma automática e muito bem realizada. O combate corpo a
corpo é funcional, mas deixa por vezes algo a desejar.
Por fim, a exploração é fácil e existe uma grande área para explorar, com
presença de grandes marcos parisienses. Infelizmente, não há grande
incentivo à descoberta, fazendo de Paris apenas um palco onde decorre a
aventura, sendo, mesmo assim, um ponto positivo.
Cliquem na imagem para ver mais explosões de The Saboteur
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Algo que me agradou, e muito, foi todo o trabalho colocado nas prestações vocais de
The Saboteur.
As personagens têm o sotaque carregado que mostra claramente a sua
origem, e embora não seja, no global, um trabalho perfeito, é de uma
veracidade muito competente e mostra a variedade cultural e linguística
de que a Europa é alvo. Muitos vão torcer o nariz a algumas vozes, mas
aqui nota-se que houve um esforço para tornar tudo mais credível, e
isso é de louvar. Os diálogos em si não são muito inspirados e há
personagens totalmente apagadas (como a irmã de Jules que parece estar
a passar um “frete” enorme), mas os principais têm garra. Sean Devlin,
com o seu sotaque irlandês carregado e a sua veia mais desleixada, é o
primeiro a mandar um oficial Nazi para um sítio pouco agradável.
No que toca à música, preparem-se para ouvir muita sonoridade de época e
com aquele timbre da música francesa. Enquanto jogava lembrei-me por
várias vezes das músicas francesas que a minha mãe ouvia quando era
pequeno, e isto mostra mais uma vez que o trabalho aqui foi bem feito.
Passando agora para o visual,
The Saboteuré um jogo na corda bamba. O grafismo não é nada por aí além, aliás, por
vezes chega a ser feio e cru, especialmente em alguns modelos das
personagens e paisagens mais distantes. Mas quando olhamos para modelos
das personagens principais e até para marcos históricos, continua a
haver qualidade, embora a framerate se engasgue quando há muita acção
no ecrã ou quando nos deslocamos a alta velocidade. Há ainda alguns
problemas nas animações especialmente no que toca aos diálogos, mas
nada de muito grave. O ponto alto no grafismo de
The Saboteuré a sua apropriação da cor cinzenta para retratar a opressão Nazi.
Quanto maior for a força alemã, mais cinzento e sem vida serão os
cenários. À medida que Sean ajuda os habitantes de
Paris, a cor regressa e a resistência fica cada vez mais forte, um pormenor gráfico muito bom e até inovador.
Apesar de dar para umas boas horas de jogo ao seguir a história, há muitas
missões extra para fazer, além das que ajudam a libertar a zona de
frança da opressão Nazi. A progressão é boa e sente-se que cresce à
medida que o jogo avança. No entanto,
The Saboteuré um jogo de uma só passagem. Quando a história acaba, a única coisa
que há a fazer é mesmo passear por Paris e fazer tudo o resto. No
entanto, quando a história acaba, só alguns vão querer repetir a trama.
The Saboteuré um jogo que surpreende sem dúvida, não tanto por ser um jogo
excepcional, mas por conseguir pegar na época da Segunda Guerra Mundial
e apresentá-la de forma bem diferente do habitual. O jogo de cores
usado confere ainda mais um ponto positivo e consegue ser inovador em
vários aspectos. Infelizmente, nota-se que
The Saboteur precisavade mais uns meses de trabalho, e se fosse apenas lançado em Março
ou
mais tarde, conseguia ser um dos jogos de 2010. Assim como está, é um
jogo com qualidade, mas não é a referência em nenhum dos géneros que
aglomera.
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The Saboteur nos links seguintes:
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The Saboteur
79/100
Fonte : MyGames.pt