Perdidos ou protegidos nas comunidades virtuais?Serão os videojogos uma forma de interacção social? Ou servirão eles para isolar cada vez mais os jogadores? Foram estas e outras questões que o MyGames foi tentar perceber no evento Realidades Virtuais, que decorreu desde 17 de Maio até 2 de Junho deste ano, no Goethe-Institut Portugal.
Perdidos ou protegidos nas comunidades virtuais? Uma reflexão pedagócia sobre os novos media.
Nesta conferência, conduzida por Tanja Witting, da Universidade Técnica de Colónia, abordou-se a questão social dos videojogos, com especial destaque para a componente multiplayer que vem, muitas vezes, associada. "Já existem poucos jogos sem multiplayer," afirmou Witting logo no início.
De facto, basta olharmos para alguns dos títulos mais importantes dos últimos meses para percebermos que é verdade. Blur, Red Dead Redemption, ModNation Racers, Super Street Fighter 4, Splinter Cell: Conviction, Battlefield: Bad Company 2, BioShock 2, Dante's Inferno, Call of Duty: Modern Warfare 2, Borderlands, DJ Hero, Tekken 6, Forza Motorsport 3, FIFA 10, Uncharted 2: Among Thieves, Guitar Hero 5, Halo 3: ODST são apenas alguns desses jogos, já para não falar de outros exclusivamente multiplayer, como M.A.G. ou o gigante que é World of Warcraft. A lista continua, e poderíamos enumerá-los ad aeternum.
Não deixa de ser verdade, também, que algumas das melhores obras de arte não têm multiplayer. Exemplos perfeitos disso são Alan Wake, God of War 3, Final Fantasy 13, Heavy Rain, Mass Effect 2, Bayonetta, Assassin's Creed 2 ou Dragon Age: Origins.
Ainda assim, não deixa de ser curioso o facto de muitas produtoras estarem cada vez mais a apostar na diversão em conjunto. Mas será este facto assim tão novo e tão exclusivo aos videojogos? Claro que não, e, pensando bem, quase todos os outros tipos de jogo, sejam eles de tabuleiro ou não, são forçosamente multiplayer. Nesse sentido, poderemos dizer que são os videojogos a adaptar-se a um mundo que se quer cada vez mais social.
Mas qual é o fenómeno por detrás do sucesso do multiplayer nos videojogos? "Há desafio, o jogador humano pode agir contra a rotina," afirmou Witting. "Para além disso, é uma fonte de reconhecimento: alguém viu." E, neste aspecto, não existem só aquilo que Tanja designou como "contra-jogadores", existem também os "co-jogadores". É precisamente com este jogo em equipa que surge um factor interessante: o sentido de obrigação. "Qual é a minha recompensa e a recompensa para a equipa?," interrogou Witting. No fundo, já não estamos a jogar só para nós, mas em favor de mais pessoas.
Por sua vez, o jogo em comunidade vai dar origem a uma expressão mais complexa, parecida a outra já nossa conhecida: user-generated gameplay. "É a comunidade que forma a minha forma de jogar," declarou Tanja. Todos nós temos presente, pelo menos na maior parte das vezes, que matar low-levels não se faz, que o spawn camping é mau, que matar alguém da nossa equipa é errado. Mas são, todas elas, situações possíveis de acontecer num jogo. Logo, as regras não existem per si, é a comunidade que as faz, e é precisamente isso que se designa por user-generated gameplay.
No entanto, comunidade é um termo que se pode aplicar a várias situações. "Podem ser coisas mais colectivas e reais, como revistas, sites, eventos; tudo o que é exterior," continuou Witting. Depois existem as comunidades de jogo, que são geralmente todas as pessoas que jogam determinado jogo. Mais pessoal - mas ainda algo que se pode chamar de comunidade - são os clãs ou as alianças, um grupo de pessoas que se reúne já dentro do jogo, com um objectivo comum e com uma visão semelhante daquilo que querem para si próprios e para a sua equipa. É a "ideia do 'nós'," conclui Tanja.
Tanja Witting está actualmente a trabalhar na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, no Instituto para a Investigação e Pedagogia dos Media, da Universidade Técnica de Colónia.
Será a socialização que os videojogos proporcionam saudável? Poderá essa socialização virtual ajudar a socialização real? É esta a pergunta que vos deixamos.
Fonte: Mygames.pt - Citação :
- "Acho que aquela mentalidade retrogada de que quem passa muito tempo a jogar o multiplayer com os amigos "virtuais" é porque nao tem vida, está ultrapassada.
E que esta amizades criadas na ps3 sao verdadeiras e acho que somos um pouco a prova disso com os encontro de membros, e tudo mais.
Mas tambem acho que tem de haver um limite, e levar as coisas com medida e nao deixar de viver a vida e sair com os amigos para jogar. "